sábado, 27 de março de 2010
Nós estamos na Mata Atlântica.
A Mata Atlântica brasileira é um dos ambientes mais ricos em diversidade biológica do planeta. Está distribuída em 17 estados, entendendo-se desde o Ceará, Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. A área original da Mata atlântica era de cerca de 1,3 milhão de Km² (Figura 1 - Mapa dos limites originais estabelecidos em lei). Além de ter sido a primeira zona de colonização do país, abriga em torno de 70% da população brasileira e responde por nada menos do que 80% do PIB nacional. Depois de 500 anos de exploração o resultado é um mosaico de inúmeros fragmentos florestais, em sua maioria pequenos e isolados (verdadeiras ilhas de floresta), que juntos cobrem apenas 12 a 16% da cobertura original.
Figura 1.
Não é de entranhar que muitas espécies endêmicas da Mata Atlântica entraram nas listas de espécies ameaçadas de extinção (Ver post sobre Espécies Ameaçadas de Extinção). As espécies endêmicas são aquelas que têm um limite bem restrito de ocorrência a um habitat, ilha ou região. Nesse post estamos falando de espécies que em todo o mundo só existem na Mata Atlântica. Muitas já desapareceram de algumas regiões porque as florestas não são suficientes para sua sobrevivência. E o problema não é só de perda espécies, mais também de processos ecológicos, diversidade genética e os serviços ambientais, dos quais tanto dependemos (em breve teremos um post sobre os serviços ambientais).
Poucos sabem, mas nós estamos na Mata Atlântica e nossa região também faz parte desse histórico. Os municípios de Catu, Pojuca e São Sebastião do Passé tinham como sua cobertura original 100% de Mata Atlântica. Hoje, segundo dado da Fundação SOS Mata Atlântica e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) restou menos de 15% dessa cobertura original, sendo: 4% (cerca de 1.770 ha ) em Catu, 5% (1.370 ha ) em Pojuca e 6% (3.225 ha ) em São Sebastião do Passé (Figura 2).
Figura 2
Não precisa ser nenhum renomado no assunto para entender que estamos diante de dois grandes desafios: primeiro, parar o desmatamento na região para impedir a perda total da Mata Atlântica remanescente; segundo, reverter essa situação para promover a manutenção do que restou. Sem essas duas atitudes certamente vamos comprometer o pouco que restou de Mata Atlântica na região e torná-la um grande deserto, com pouca diversidade biológica e os serviços ambientais reduzidos e comprometidos.
Hoje é muito comum ouvir falar sobre problemas ambientais. Todos os dias os mais diferentes meios de comunicação trazem informações sobre os problemas ambientais, quer seja em escala global (quem não já ouviu falar dos efeitos climáticos), quer em escala regional (desmatamento na Amazônia). E isso é interessante porque além de despertar o interesse da população em geral, educa e alertar-nos para o que podemos enfrentar no futuro, caso nada seja feito. Mas o que sabemos sobre nossa região? O que estamos fazendo para reverter esse trágico cenário de devastação? Essa pergunta deve ser feita, e respondida com muito critério, por todos: profissionais liberais, professores, alunos, empresários, gestores públicos, proprietários de remanescentes florestais, pequenos agricultores, enfim Quanto mais segmentos da sociedade envolvidos nessa questão, maiores serão as chances de mudanças. Somos privilegiados por viver no domínio da Mata Atlântica, mas poucos percebem isso.
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2 comentários:
Caros Sidnei e Emerson (Boy), salve!
Gostei muito: fundamentação, dedicação, entrega, solidariedade, beleza: poesia e força no trabalho sobre a Região. Publiquei inclusive um poema para vocês. Lindos o trabalho e a pesquisa. Parabéns!
Ademario Ribeiro - ONG ARUANÃ
Parabéns pelo ótimo artigo!
www.pauloenselmo.com
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